Vol. 10 do Bunko de Vento Aureo (08/2005)
Da Vinci (Agosto de 2005)
O posfácio de Hirohiko Araki, escrito no volume final da versão Bunkoban de Vento Aureo.
Entrevista
Jotaro Kujo, o protagonista da parte três "Stardust Crusaders", parte em sua jornada aceitando o laço que conecta ele ao seu avô e o bisavô de seu avô (O pai de Jonathan). Há seis gerações entre eles. Nesse sentido, você poderia dizer que seu inimigo, Dio Brando, representa tanto o predeterminado quanto o destino.
Eu não acho que haja alguém que possa dizer que sabe alguma coisa sobre um ancestral de seis gerações atrás. Da perspectiva de Jotaro, ele não se importa de verdade se seu ancestral era alguém que fez coisas boas, ou, melhor, alguém que tomou as escolhas erradas. Ele simplesmente aceita o laço sanguíneo que conecta ele e seus ancestrais, até o considerando uma honra! Enquanto eu estava escrevendo essa quinta parte, Vento Aureo, eu continuava a me perguntar: "Como alguém se comportaria se o mero fato dele ter nascido foi uma fonte de tristeza?"
Homens não podem escolher como eles vêm à esse mundo. Alguns se encontram em famílias felizes, outros crescem em lugares terríveis desde o começo. Podem aqueles desafortunados fazer algo se nós assumirmos que o destino e o predeterminado são coisas já decididas pelos deuses ou algum tipo de lei que faz as estrelas se moverem em nosso vasto universo? Esse é o tema principal de Vento Aureo e tanto os protagonistas quanto seus adversários devem encará-lo. Giorno, Bucciarati, Fugo, Narancia, Abbacchio, Mista. Cada um deles cresceu ou melhor foram forçados a crescer, nas margens da sociedade e família. O mesmo também pode ser dito sobre Trish.
Poderiam eles desafiar o destino, o predeterminado e mudá-los? Isso foi o meu pensamento mais recorrente enquanto trabalhando nessa história.
Eu estava realmente mau durante aquele período por certos assuntos pessoais. O que fazer? Se fosse fácil para os humanos os mudarem apenas com esforço e vontade, o destino e o predeterminado perderiam seus significados. Seria fácil de mais. Como os protagonistas poderiam lutar contra esse sentido de inevitabilidade? A resposta, surpreendentemente, foi dada à mim pelos próprios protagonistas. Eles não tentaram mudar seu destino e mesmo em sua situação, eles escolheram não desistir da pureza de seus espíritos. Eles firmemente acreditam que a felicidade e um sentido de justiça são as mesmas coisas.
Quero dizer, eu sou o autor, e mesmo assim, enquanto eu estava escrevendo eu acabei por aprender dos meus personagens e isso é o que verdadeiramente me deu coragem. Nesses termos, pensando agora, eu sinto a ilusão de ser aceitado entre eles como um amigo, do que ter passar a me afeiçoar pelos protagonistas de Vento Aureo.
Mas houve uma parte dessa quinta obra que eu absolutamente tive que deletar. Um episódio que eu simplesmente não pude escrever. Na minha cabeça, a história seguia que entre Mista, Narancia, Fugo e Abbacchio, haveria um espião trabalhando para o chefe que trairia Giorno e Bucciarati. Inicialmente, eu havia decidido que esse traidor seria o Fugo, mas não consegui escrevê-lo.
Meu estado mental estava tão sombrio que as histórias que eu escrevia estavam se tornando mais e mais malignas, mas no meu coração, eu passei a odiar esse comportamento com o passar do tempo. E também, meu coração quebrou só pensando sobre como o Bucciarati se sentiria.
Eu absolutamente não consigo entender a traição de um amigo confiado e é esse o porquê disso ter me machucado fisicamente só de pensar. Eu teria aceitado qualquer criticismo dizendo que "eu não tive os colhões para fazer isso" como um autor, mas eu te garanto que eu não escreveria esse episódio não importa o que acontecesse.
Talvez o Giorno tivesse que matar Fugo e eu tenho certeza que isso teria passado uma impressão muito negativa para meus leitores mais jovens.
É isso que há por trás da cena de despedida em Veneza, com a publicação da novel de Vento Aureo eu então fui capaz de ter uma história escrita sobre como Fugo continuaria a ajudar seus companheiros de dentro da organização.
Para concluir, permita-me dizer algo aos meus personagens: Obrigado, vocês são o Vento Áureo que sopra durante os momentos mais tristes e difíceis.
[Originalmente traduzido para o inglês por macchalion] [Traduzido do inglês para o português por Soxz]