Parte 1
Antes de falarmos sobre o Kira, vamos falar sobre a cidade de Morioh.
Ela é modelada em referência à um novo desenvolvimento residencial construído perto de onde eu cresci. Antigamente, eu olhava para essas novas construções e sentia um tipo de ansiedade ao contrário de admiração. “Estava tudo realmente indo bem [lá]?”
Olhando de fora, você consegue ver todas essas luzes aconchegantes nas casas, mas você não tem ideia do que as pessoas estão fazendo lá dentro. Essas casas que pareciam as mesmas estavam sendo construídas e elas todas pareciam puras e felizes. Isso não te faz meio que sentir que um Kira talvez esteja (à espreita de] lá? (risos)
Com ‘Diamond is Unbreakable’ meu tema era construir uma cidade. Eu queria desenhar o humor e o medo que pode estar escondendo-se nos cantos da vida cotidiana. Até mesmo agora, talvez haja coisas bizarras acontecendo caso eu apenas mude meu ponto de vista.
Eu fui muito influenciado pelos romances de Stephen King. Eu estava os lendo bastante nos anos 80 e 90, mas eu gostei especialmente de ‘Louca Obsessão’. O palco é fixado e você continua se afundando mais e mais nele. Naquela época eu li muitos romances do King.
E também com a Parte 4, eu consegui trazer muitos de meus próprios gostos para a obra e isso foi divertido. Jogos, lojas, restaurantes italianos! Com a loja do Tonio, eu prestei bastante atenção no que eu estava desenhando até nas decorações. Foi ótimo trazer isso a obra também… A pesquisa também foi bem fácil—Eu só tive de ir de volta para casa em Sendai (risos) eu voltaria, tirava algumas fotos em lojas de lembrancinhas e desenhava tudo—todas dentro desde que não fosse advertido [por viagens triviais] é claro!
E também, o penteado do Josuke, até meu editor discordou dizendo algo do tipo ‘Porfavor desenhe um protagonista adequado para a época’. Mas eu achei que foi bom ele não ser. O jeito com o qual ele se importa com seu penteado, é bem como um ‘delinquente dos anos 70’s~80’ não é? Mas quando você vai ao interior, você às vezes vê gente assim (risos). Quando eu era um estudante, eu costumava ficar longe de pessoas assim porque elas me assustavam, mas agora é quase como se há algo cativante sobre eles.
Então parece que quando nós remixamos os mangás, haviam 7 volumes dedicados apenas ao Kira. Eu mesmo estava tipo ‘Uau, eu realmente desenhei isso tudo dele?’
Um dos temas de ‘Diamond is Unbreakable’ é que o horror pode estar bem atrás das nossas vidas cotidianas. O motivo pelo qual eu gostava de ler livros sobre assassinos em série nos anos 80—isso é bem antes de ‘O Silêncio dos Inocentes’ ser publicado e ele se tornou uma moda—e eu queria entender qual a motivação dos assassinos em série era. Por que você nasceria humano e faria coisas assim? Esses tipos de perguntas realmente me interessavam e eu achei as ações dessas pessoas assustadoras.
Então quando eu comecei a desenhar a ‘vida cotidiana’, eu tinha um presunção inicial de que um assassino em série seria o inimigo. Um tipo de inimigo diferente de ‘Stardust Crusaders’, do tipo que aguarda nas sombras. Os inimigos de ‘Stardust Crusader’ vinham correndo, mas [eu estava pensando sobre] um inimigo que te atraiaria para perto… Eu estava eventualmente pensando em desenhar em algo assim, mas eu não estava imaginando Yoshikage Kira como um personagem específico desde o começo.
Os primeiros inimigos eram inimigos de nível estudante como Okuyasu e Keicho, e também o guitarrista Akira Otoishi—no começo eu estava pensando de inimigos de nível estudante ou deliquente. O motivo por isso sendo que eu não queria fazer um tipo de ‘Grande inimigo’. Quando você cria um ‘Grande inimigo’ para ser superado, para ser o objetivo, os leitores não conseguem se focar em outra coisa além disso. Eu não queria que isso se tornasse uma fraqueza na obra. Para cada história que eu escrevi, eu queria que a atenção fosse posta no que está acontecendo agora.
Mas parece que os leitores de ‘Jojo’ queriam um tipo de ‘Grande inimigo’, eu acho que o DIO gerou um impacto muito forte… então quando parecia que o fim estava próximo, eu pensei no Kira.
O nome Kira vem claramente de ‘Killer’—então um assassino. É bem simples (risos) O nome ‘Yoshikage’… eu queria que os dois primeiros kanji de cada nome fossem os mesmos. Assim como com JoJo, né? Para que talvez ficasse fácil de se lembrar se eu o alinhasse em volta da letra ‘吉’. Isso é tudo. Mas soava correto.
Eu desenhei do ponto de vista de Kira em sua primeira aparição. Eu queria desenhar algo do ponto de vista de um antagonista. Até esse ponto, eu apenas desenhei os vilões do ponte de vista dos protagonistas—os vilões como vistos pelos protagonistas. Mas antagonistas também tem um ponto de vista próprio, e eu quis desenhar o que seu estado mental seria. Por que Kira comete assassinatos? E eu queria desenhar isso de uma forma em que ele continua um antagonista e não se torna um protagonista.
Então eu não quis fazer dele um personagem possível de se simpatizar com. Quando você lê sobre a juventude desses assassinos em série, você muitas vezes vê que eles viveram infâncias infelizes. Mas se você começar a desenhar isso, eles ficam inúteis como antagonistas. Então eu tive cuidado para remover essas partes o melhor possível quando construindo seu personagem. Isso requeriu um pouco de esforço.
Para o DIO, ele tinha uma fixação por se tornar um ápice sobre a humanidade, certo? Mas o Kira está em busca da verdadeira felicidade humana. Isso é por que ele odeia encrenca. Ele só quer viver uma vida em um mundo de seus próprios interesses, e é isso que o torna perigoso (risos). Mas ele talvez tivesse uma filosofia própria… Os inimigos até esse ponto como DIO e Kars estavam todos querendo o topo—talvez fosse simbólico da economia japonesa até aquele ponto, como a bolha econômica (risos). Naqueles dias, DIO talvez tivesse tido a mentalidade mais natural e você talvez inconscientemente simpatizasse mais com isso.
Quando eu estava desenhando o Kira, o que as pessoas estavam procurando por era tranquilidade. A ideia de que a felicidade não é sobre ficar acima dos outros. Os prêmios do Kira desde que ele estava no fundamental eram do 3° lugar. Não o 1° nem o 2°, e sim o 3°. Não é notável, mas ainda de se respeitar. Ele tem o potencial para se tornar o número 1. Mas se destacar, fazer inimigos, ser perseguido, sentir pressão, sentir expectavidades que ele não podia aguentar. Talvez tenha vários adultos que pensam assim, mas seria esquisito se alguém pensasse assim como uma criança, né? É muito mais fofo para crianças ficarem tipo ‘Eu vou ser o número 1!’. Esse tipo de anormalidade era o que eu queria desenhar, esse tipo de genialidade estranha.
Matar Reimi Sugimoto quando ele tinha 18 anos, esse foi o primeiro assassinato de Kira. É por volta dessa época que Jotaro e seus companheiros lutaram contra DIO. Talvez fosse um ano em que as estrelas se alinharam. Um ano fatídico. Josuke foi salvo pelo homem com o pompadour nesse mesmo ano, então várias coisas aconteceram.
Seu primeiro assassinato, foi provavelmente por impulso. Ele, por acaso, viu Reimi e se esncondeu em sua casa… e isso mudou seu destino. Se não fosse por esse incidente, ele talvez tivesse vivido uma vida feliz sem assassinatos, mas as estrelas o levaram para o caminho errado. E dali, você não pode mudar o destino. Seu primeiro assassinato continuou um mistério por bastante tempo. Você lê sobre assassinos em série e sobre como eles tem duzenas de corpos enterrados em baixo do piso. Você se pergunta como isso acontece sem ser descoberto, e isso é bem assustador, não é? Talvez seja por uma indiferença pelos vizinhos… Com esse primeiro assassinato, Kira se tornou destinado a matar 48 pessoas.
Parte 2
Kira’s background of bottling up his nails… that was inspired from a real life story of someone who preserved his nails to monitor his own condition and stress levels. That person is not a serial killer (laughter) That nail story was interesting, and I remembered it. It seemed like something Kira might do… ‘When my nails have grown x millimeters, I’m doing great!’ ‘This is when I can never be caught!’ I feel like I do something similar… I measure my blood pressure and read from it my condition. Sometimes I feel invincible when the readings are good. There might be athletes who do that too… not with nails of course. Kira just does a sorta-creepy version of that (laughter)
Now for Kira’s family, do you remember that scene where you see a picture of Kira’s family, I put a lot of thought into drawing that. It’s not a fun-looking family, but it also looks sort of peaceful… and that’s creepy. The father and mother appears close to each other, but also distant. They probably haven’t ever really had a major fight either. When you read about a serial killer’s life, you feel chills when you come across a picture of them as a child. I wanted to imbue that picture with a bit of that feeling.
Now Kira’s father, he was a strange person. Not quite a criminal, but considered odd. He probably knew his son was a murderer and went ahead hiding his crimes. Of course, Kira’s father went to Egypt and obtained the bow and arrow from Enya to protect his son. Right around then, DIO was looking for allies around the world and Kira’s father was one of those accepted as having potential by him. The same for Okuyasu's father. People who had been scouted by DIO were all around the world, and even among them, Kira’s father and Okuyasu's father may have had extra attention paid to them as they were in Japan along with Jotaro. For the mother, I haven’t drawn anything about her at all, but I think she may have done a sort of ‘abusive coddling’ towards Kira. That’ll be scary right?
Even now, I wonder if I should have drawn out Kira's relationship with his parents in more depth. But I had to cut it out with much reluctance… or maybe I should say that I didn’t have the courage to draw that out. Like I said before, I didn’t want to detail Kira’s past too much. I didn’t want the readers to look at Kira and his father and think ‘these are actually very sad characters’. I drew out Kira’s mental state when killing, but if I started delving into the fundamental reason why he kills, Kira becomes a sort of sympathetic character… if you start emphasizing with Kira that’s not really appropriate for a Shonen manga. I didn’t want readers to feel sympathy. That may be the hardest thing about drawing out Kira. Although I think I might have been able to add another two or three volume if I started delving into Kira’s mental state, his motivations and his relationship with his parents.
I’m really interested in familial relations… the Joestar bloodline is about families too after all. When I draw a character, I start wondering about their parents or siblings. It might be because I was influenced by my parents and sisters a lot. When follow that trail, when you draw out an antagonist I start wondering what influences he got from his family. But if you start delving into that person’s background, you start straying from the theme. There’s so much you could draw out. Even DIO had a lot of influence from his father. But because this is a weekly serial manga, its always difficult to decide how to cut that out. I mean, you only have 19 pages to draw on a week. That’s no space at all. You basically just have to take one idea and run with it. But even then it won’t fit, so I have to think hard about how I might condense two pages down to one…
Kira was cornered once and had to flee. Some people thought that might be the end of Part 4, but I was always planning on reviving him. His flight is equivalent to DIO's resurrection. You think he’s lost, but then he surges back… around there was I really felt a sort of vitality from him. A different sort of vitality from DIO. DIO's is merely a biological vitality, but Kira was able to tap into the world of a sort of spiritual or mental strength. At that point, Kira trumped Josuke and his friends in spiritual strength. It’s because he had that resurrection that Kira became such a great antagonist. If he had given up then, he would have been a no-go.
I didn’t think at all about using Cinderella to change his appearance. When he was cornered and I was thinking hard about how Kira might escape, lighting struck me and I realized ‘hey I could just use Cinderella which I wrote about last episode!’ I’m basically thinking at a week-by-week interval and never about what happens after that. I don’t know about Jump manga these days, but it’s all about how I make this week interesting for me.
I also like that part after this where Kira becomes a ‘father’ as Kosaku Kawajiri. There’s a P.K. Dick novel about an alien masquerading as a father in a family; I wanted to draw something like that. Only the son knows that he’s an alien… those types of stories are fun. Those episodes are written from the point of view of the son Hayato Kawajiri, and I think it was good as it changed up the pace. After that you had a few Kira point of view stories and you saw that wife falling in love with Kira. I guess it’s plausible that you might grow to love someone if they’ve actually changed, but falling in love with a serial killer, that’s sort of abnormal too and good.
At the end, the son discovers his secret and Kira discovers a new ability. That’s an extension of his resurrection. It’s impossible to stick around in Jojo with the same ability, you have to power up. The youngling who develops into something greater is a common archetype in Shonen. It’s one of the things I feel are a ‘must have’ in a story. Josuke and Jotaro are sort of ‘completed’ characters so it’s difficult to draw a development scene for them, but Koichi-kun and Hayato Kawajiri fit that type. To see Kira also grow in parallel to them is an atypical way of fulfilling a Shonen stereotype.
On ‘Bites the dust’ ability. When you start thinking around the theme of time or rather time travel there’s a lot of variations you can delve into like stopping time, rewinding time… So its sort of like me passing on ideas I wasn’t able to use for DIO. I like the idea of time manipulation. I did something like that with ‘Golden Wind’ and ‘Stone Ocean’.
Writing the ‘Bites the Dust’ episodes were fun. It felt like I was assembling a puzzle or building a game. But because the same time was incremented so many times, I became concerned with whether the readers would follow along. I said this before too, but given that I only have 19 pages a week, I started wondering if this was appropriate for a Weekly manga. A weekly serial has build up story tension within those 19 minutes then pass it along to the next week. It’s a lot of work, but I see those as the rules I have to work within.
In the end, Kira dies after having been run over by an ambulance, and his face was obliterated and nobody could tell who he is.
With ‘Diamond is Unbreakable’ … with the town of Morioh, I wanted to trap it into a world of ‘eternity’. Like would the wife have been happy if she knew that her husband was no longer the same person? If she realized it, it would be a bit boring right? So I was fine with that state continuing forever and no answer being resolved. Within myself, Morioh will forever be in that state. What happened to Josuke after the series? I don’t think about that at all. Morioh is ‘eternal’.
I drew Kira also in a spinoff called ‘Deadman’s Q’. Being trapped in an ‘eternal’ world with his soul being unable to go to heaven or hell, I thought that might be a form of suffering or punishment too. The same thing with Diavolo in ‘Golden Wind’, but it might be a punishment to be trapped within eternity. In the commentary for the short story collection [‘Under Execution, Under Jailbreak’] I wrote that I was tearing up as I drew the story (laughter) I was very invested in Kira. I almost understood his feelings, if only he hadn’t committed murder… I didn’t draw it at the time, but thinking back on it I feel that he might have been person with the burden of sadness too.
Out of all the villains I’ve drawn so far, Kira is my favorite. I like DIO too… but more than DIO. Because he was seeking a quiet life and wasn’t a character you would see often in a shonen manga, I was very invested.
[Traduzido por ???][3] [Traduzido do inglês para o português por Soxz]