Em todos os volumes de JoJo's Bizarre Adventure, a primeira orelha da capa vem sempre acompanhada de informações do próprio Hirohiko Araki. Dentre essas informações há, pelo menos, uma fotografia — geralmente do Araki — e, na grande maioria das vezes, as fotos vêm acompanhadas de pensamentos dele ou acontecimentos de sua vida. São assuntos variados, podendo conter informações de personagens ou da história em si. As seguintes notas e fotos foram tiradas dos volumes de Stardust Crusaders.
A partir deste volume, haverá uma nova habilidade chamada “stand”, que é uma representação visual de poderes sobrenaturais. Em geral, esses poderes eram retratados por luzes e eletricidade ou por edifícios sendo destruídos. Eu pensei em como poderia expressar poderes invisíveis feito esses, aí surgiu a ideia dos stands. Bem, agora vamos partir em uma nova aventura com Jotaro e seus companheiros!
Quando estou viajando, às vezes me sinto meio solitário e acabo apreciando profundamente a bondade dos outros. Ao mesmo tempo, entretanto, eu me questiono se na verdade elas são más pessoas escondendo segundas intenções por trás de toda essa gentileza. Quem é confiável e quem não é? Um sorriso amigável pode significar “eu quero o seu dinheiro”. Aaah! Isso é assustador, não acham?
Quando você trabalha, as pessoas costumam trocar cartões de visita; porém eu falava: “Sinto muito, não tenho um cartão de visitas”. Dizia isso desde que comecei. Por conta disso, eu decidi criar um e estampar nele a marca que vocês veem acima. Agora, mesmo que eu esteja no exterior, o dedo calejado — a medalha dos mangakás — de um jeito ou de outro poderá deixar claro qual a minha profissão.
Dizem que a profissão mais antiga do mundo é a prostituição. Bem, é o que ensinam nas aulas de história. (E para quem não sabe que profissão é essa, melhor perguntar ao seu pai.) Mas será mesmo que não há uma profissão mais antiga? Tem, sim! Eu não posso provar, mas com certeza essa é bastante antiga! Trata-se dos contadores de histórias de terror. (Continua no vol. 17)
(Continuando do último volume...)
Era uma vez, sob o céu estrelado, um senhor que contava histórias assustadoras ao redor do fogo. Certamente, aqueles que ouviam, concentrados, mergulhavam totalmente naquele mundo através do poder da imaginação. “Certo. Chega de histórias por hoje.” “Queremos ouvir mais! Toma essa fruta, continua contando.” “Amanhã! Agora vão dormir!” São histórias que provocam isso que quero continuar criando.
Meus amigos vivem dizendo que sou bem apático ao telefone enquanto trabalho. Parei para pensar nisso quando minha mãe me disse por telefone: “Esse sujeito frio não é o meu filho”. Mas veja bem! No trabalho não posso ficar um tempão de conversa fiada pelo telefone como se fosse hora do lazer, senão acabaria atrasando meus manuscritos. Não sei por que eles não se dão conta disso.
Eu sou de Gêmeos, minha natureza tem dois lados, então gostaria que entendessem que sou um durante o trabalho e outro durante o lazer.
Talvez ninguém saiba, mas em dezembro faço 10 anos como mangaká (não precisa me dar os parabéns). Pode ser só um número, mas também é uma quantidade de tempo que me faz querer soltar um “hmm” em voz alta. Passei um bom tempo fazendo mangás desde os meus 20 anos, o que de novo me leva a esse “hmm”. Entretanto agradeço profundamente a Deus e aos meus antepassados por esse sentimento.
No início dos anos 80, quando morava em Sendai, eu mandava por correio cópias dos meus manuscritos (40 ienes por página) e entrava em contato com o editor por telefone para revisá-los. Essa inconveniência foi uma das razões pelas quais eu me mudei sozinho para Tóquio. Nesse meio tempo, o fax e as cópias coloridas se desenvolveram. Se essas coisas fossem assim naquele tempo, talvez eu não tivesse me mudado. É interessante sentir como os tempos mudaram hoje em dia.
Não que seja motivo de orgulho, mas minha memória é péssima. Mal me lembro do que costumava brincar quando criança ou do que eu assistia na TV. Outro dia estava assistindo à Rie Miyazawa e de repente o nome dela não me veio à cabeça. Perguntei a alguém como era o nome e riram de mim. E olha que eu sou um grande fã dela. Estou ficando preocupado com o meu futuro... (Continua no vol. 22)
(Continuando do último volume...) Minha memória é bem ruim! Mas ficar desanimado assim o tempo todo me impediria de viver de maneira otimista, então vamos considerar os pontos positivos de ter uma memória ruim: • Você pode ver e ler os mesmos filmes e livros várias vezes e se divertir e emocionar-se como se fosse a primeira vez. • Se você fizer promessas desagradáveis, pode fingir que se esqueceu delas e ser perdoado. • E, acima de tudo, você pode ter novas ideias relaxado, sem ficar preso a preceitos ou ao passado.
Ando incomodado com a fumaça de cigarro. Me sinto mal quando alguém fuma perto de mim. Por isso, decidi que o Hol Horse vai parar de fumar. Por outro lado, é meio errado mudar características de personagens de repente. Hmm... Mas, pensando bem, o Hol Horse é um homem que vive mudando de ideia, então achei que “Ah, tanto faz”, e agora o cachimbo dele é daqueles sem fumaça.
A coisa mais assustadora que já me aconteceu até agora foi quando vi granizo pela primeira vez. Quando criança, eu nunca tinha ouvido falar desse fenômeno que caía do céu.
Certo dia, eu estava brincando a céu aberto, quando de repente ele escureceu e vários pedaços de gelo, parecidos com os que boto no meu Calpico, começaram a cair e fazer um barulhão no chão. Naquela hora eu pensei: “É o fim do mundo. Nunca mais minto pros meus pais e nunca mais atormento minha irmãzinha.”
Vocês podem achar bobo, mas uma vez sonhei que eu era um lutador de sumô em um ringue. É, parece engraçado, mas foi o sonho mais assustador que já tive. A luta estava sendo transmitida para o país todo na NHK, então fugir dela me tornaria o maior covarde do Japão. Lá estava eu, quase nu, usando apenas um fundoshi... Cruzes! E ainda pesando 57 quilos! “Vou morrer”, pensei eu. (Continua no vol. 26)
(Continuando do último volume...) No sonho, eu não queria virar o maior covarde do Japão, então pensei em pelo menos perder sem apanhar muito. Encarei meu oponente com um ar meio astuto e um “Atenção!” ecoou. O outro lutador, com um rosto quatro vezes maior que o meu, fixou os olhos em mim. “Cruzes!”, pensei eu quando vi uma ferida profunda na testa dele, provavelmente de uma pancada em alguma luta no dia anterior. Essa ferida começou a latejar, e começou a escorrer sangue. Isso foi aterrador. Quase certeza de que acabei gritando.
Fim.
Somente uma vez na vida eu vi um fantasma. Foi em uma viagem que fiz ao Reino Unido alguns anos atrás, fiquei em um hotel que antigamente era um castelo. Naquele dia eu estava tão exausto que decidi ir pra cama às 20h.
Poucos minutos após adormecer, uma mulher estrangeira saiu da porta entreaberta do banheiro. Ela tinha sangue escorrendo do pulso... (Continua no vol. 28)
(Continuando do último volume...) O fantasma da mulher se moveu pelo quarto, parou ao lado da minha cama e me olhou com um rosto sem expressão. Eu pensei: “Estou vendo um fantasma mesmo não sendo sensitivo”! Mas estava tão sonolento que achei que seria cansativo lidar com aquilo. O fantasma se entristeceu e desapareceu, como se houvesse me entendido. Essa história é verdadeira. Dizem que eu só estava sonhando, mas juro que aconteceu.
↑Há um erro de digitação na nota do capítulo 217. O furigana para a palavra (現われる, arawareru) ("aparecer") foi escrito como (あらわわれる, "arawawareru"), com um わ ("wa") a mais.